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Teste Rápido: o que as empresas podem fazer?

Por Eduardo Arantes
Os testes de detecção de anticorpos contra o SARS-CoV-2, conhecidos popularmente como “testes rápidos” vêm sendo adotados pelo Ministério da Saúde (MS), junto com os testes moleculares tradicionais (RT-PCR), como a principal estratégia para o diagnóstico laboratorial do novo coronavírus.
Com isso, eles se tornaram uma das principais ferramentas para avaliar a possibilidade de retorno dos trabalhadores às suas atividades laborais, objetivando também que as medidas de isolamento, acompanhamento e intervenção possam ser realizadas com maior precisão e assertividade.
Como as empresas podem fazer uso dos testes rápidos
É inegável o impacto econômico e social que a remoção de elevados contingentes de trabalhadores ativos da produção e da prestação de serviços produzirá. As empresas, como sempre, podem absorver esta demanda por testes e reduzir os custos dos sistemas públicos de saúde.
Contudo, alguns pontos devem ser levados em consideração na hora de pensar em aplicar testes rápidos na sua empresa:
Somente os testes que tiverem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) podem ser utilizados no Brasil.
O tempo de incubação é um fator crucial para a eficácia da testagem.
Não há consenso global sobre a melhor estratégia para aplicação de testes de rastreamento populacional para a COVID-19, bem como medidas de testagem.
Portanto, é essencial definir uma população específica para testagem, e esta deverá ser uma tarefa da Saúde Ocupacional ou da equipe de APS. Falaremos aqui sobre a recomendação dos testes rápidos para os trabalhadores em geral, não especificamente para os trabalhadores da saúde.
Devido às características da infecção pelo coronavírus, nos primeiros dias após o início dos sintomas os anticorpos não são devidamente detectados pelo teste. Para atingir valores de sensibilidade aceitáveis, é necessário que o teste seja realizado após o sétimo dia do início dos sintomas (variável de acordo com os testes utilizados) e no máximo 72 horas após o desaparecimento dos sintomas.
Pessoas com diagnóstico de síndrome gripal que residam no mesmo domicílio de um profissional de saúde ou de segurança em atividade devem fazer o teste com no mínimo sete dias completos desde o início dos sintomas ou no máximo 72 horas após o desaparecimento dos sintomas. A circulação da pessoa sintomática deve ser evitada.
O resultado do teste é muito rápido; em geral, em até 10 minutos.
Interpretação dos resultados
Resultado negativo: caso o trabalhador com suspeita de síndrome gripal apresente resultado negativo no teste rápido sorológico, realizado após 72 horas do desaparecimento dos sintomas, ele estará apto a retornar imediatamente ao trabalho, utilizando máscara cirúrgica até o final do período de 14 dias. Ou seja, não precisará cumprir todo o período de isolamento em teletrabalho ou em outras atividades, exceto para aqueles que apresentam fatores de risco para gravidade.
Resultado positivo: um resultado positivo determina o cumprimento do período total de isolamento de 14 dias após o início dos sintomas. A mesma recomendação vale para o teste da pessoa com síndrome gripal que reside no mesmo domicílio do trabalhador. Se o teste for positivo, o profissional que for o contato deverá ficar 14 dias em isolamento domiciliar. Se for negativo, pode retornar ao trabalho.
Exemplo prático: Um trabalhador iniciou os sintomas em 1º/3. O médico orientou que ele ficasse em isolamento até o dia 15/3. Em 6/3, no isolamento domiciliar, os sintomas desapareceram. Em 9/3, poderá ser realizado o teste rápido sorológico. De acordo com o resultado, será adotada uma das seguintes condutas:
- Resultado positivo: manter o isolamento até o dia 15/3.
- Resultado negativo: retornar ao trabalho e utilizar máscara cirúrgica até o dia 15/3.
Dependemos muito da confiabilidade dos testes, pois um teste negativo não exclui a doença, e o retorno ao trabalho poderá ser um risco. Também não podemos “demonizar” todos os testes rápidos disponíveis no mercado e liberados pela ANVISA.
Se sua empresa tem uma estrutura de saúde própria, recomendamos a realização dos testes com a definição prévia de protocolos, bem como medidas de controle do potencial de exposição/contaminação, como higienização frequente das mãos e dos objetos de trabalho, uso de máscara cirúrgica ao retornar ao trabalho, limitação do acesso às áreas de convivência e refeitórios e postos de trabalho dimensionados com um distanciamento mínimo.
Algumas atividades econômicas essenciais dependem do trabalhador saudável para sua continuidade operacional. Essas atividades podem ser o alvo prioritário para a realização dos testes.
Foto: freestocks